segunda-feira, 28 de maio de 2018

Estado de Emergência

Hematomas, as bandeiras dos vasos sanguíneos. Os sapatos não me servem, nem adianta tentar. As bolhas nos meus pés decretaram nova greve. Não parto mais a lugar nenhum. Tempo de paralisações. Um estouro débil, vertendo para fora do corpo, lentamente, a energia de ação. Os curativos são do tamanho de uma mão, como são do tamanho de cada coração, os punhos fechados das reivindicações. Os desejos estagnados bloqueiam no corpo os canais de emanação.
Na eminência de uma grande estiagem, o coração se aperta em seu lugar. Atinge o sistema nervoso com espasmos que emitem luzes, como sirenes. Seus sinalizadores buscam atingir o céu do meu ser. Tempestades internas, alerta vermelho. O delírio do exílio, o mal estar da inércia, a febre do aprisionamento, impedem meu sono, agitam a mente. Espécies de estrelas cadentes, feito pássaros em bando, riscam palavras em neon dentro dela. Haverá combustível para a arte, haverá combustível para a criação. Haverá combustível para seguir em frente porque sempre haverá combustível ao amor.

Nas estradas e bifurcações das vias que me levam em sua direção há uma poeira dourada que se une feito imã formando setas. Juntas elas desenham no chão.
VAI

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