sexta-feira, 26 de abril de 2019

Para Notre Dame com amor

Hoje é um dia especial. O primeiro do ano que uso uma calça jeans (quem me conheceu nos anos anteriores, sabe que calça e eu sempre fomos sinônimos), mas, ponto. Meu feminino floresceu às vésperas de 2019 desenterrando todos os vestidos e as saias do meu armário. Isso pra ilustrar que desde antes do ano começar, habito meus vestidos aplicando reiki e monitorando as roseirinhas que foram replantadas junto às roseiras antigas do jardim e não iam pra frente. Colocando as mãos sobre elas, me lembrava da primavera antecipada de 2018 — em especial das rosas abundantes que vi em frente à Notre Dame, dos botões do jardim dos fundos. Alguns meses se passaram nessa sobrevivência, recuperação e nutrição, até que hoje a primeira rosa “abril”, vermelha e rajada mais ou menos como intuí. Mais do que um dia especial, é um momento especial que vejo daqui, quase como se tivesse pedido por ele anteriormente. Quando me concentro nas rosas, um dos símbolos do coração/anahata que desabrocha, encontro a força de um feminino selvagem e divino que me inspira a seguir em frente. Nem sempre é fácil, ascender sobretudo. Enquanto os botões das novas rosas surgiam inspiradas no seu jardim de primavera, << la fleche >> queimou, partiu, ruiu, mostrou ao mundo algumas verdades. Fez lembrar de símbolos do feminino queimados nas sombras das tradições inquisidoras, instituições do patriarcado. Fez pensar no futuro, em Gaia que nos acolhe, nos nutre e permite a nossa existência narcísica não se sabe por quanto tempo. Neste momento especial o nodo norte em Câncer aponta ao feminino e é para ele que caminhamos coletivamente. Doa a quem doer, neste momento somos chamados à revolução pelo cuidado. Cuidar é dos verbos mais lindos e necessários, verbo vivido incansavelmente pelo feminino através dos séculos. Por isso mesmo lá do nodo sul em Capricórnio, vemos a autoridade dos nossos governantes e agregados que se debate para manter uma estrutura caquética à sombra de um masculino irascível e perverso. Aparte, não acredito no matriarcado porque olhando pra dentro aprendi que não existe separação, entendi que somos desde sempre as duas polaridades, que na união das duas e no acolhimento de suas sombras mora a cura que queremos ver no mundo. Acredito, from the bottom of my heart, na transmutação através do amor, na união das forças aliada ao amor incondicional. Acredito na troca e na cooperação e vejo surgir uma nova consciência que não é para alguns, que é para todos que tem um coração feito pra abrir, feito rosa, vermelha, branca, dourada, laranja, amarela e mesclada, de qualquer cor — as diferenças vão e devem sempre existir. Para todos que puderem aceitar sua vulnerabilidade intrínseca, que puderem acolher as duas polaridades e criar uma nova era onde ambas são uma mesma luz. Hoje as mulheres do ateliê se referiram a mim com a palavra exuberante, “estou feliz com as novas rosas”, eu disse. Ando vendo muitas borboletas ultimamente e me lembro daquele ditado sobre borboletas, que diz que o segredo é cuidar do jardim. Enfim. Essa calça jeans (acho que dá pra ver) eu tenho há dez anos e foi sem dúvida a calça que mais amei e usei na vida. Em breve, me despeço. Aos que acompanharam minha história até aqui, essa rosa que me faz feliz hoje não é minha, é da terra e é pro seu coração. Viva as mudas — mudar é bom! — e as primaveras que virão!